
silêncio
vácuo
uma luz
o desejo francesmente sentido
do rebuscado je ne sais quoi
sob uma prata misteriosa
um sinal repugnante numa cara branca barroca
uma avaria brilhante num moderno plasma tv
eis a lua
confundes-me, redonda,
e não me iluminas caminho
perco-me nos detalhes das crateras
quando a vida é iminentemente
terrena
fosse eu peixe
cetácio
libélula
creatura lunar
filha da criação
mas não sou!
pouso neste ramo arborícola
permaneço iludida
orgulho-me
pelo simples facto
de estar no planeta azul
mas em que outro sítio
deveria eu surgir?
onde?
em que parte da pintura a negro
a que chamais céu?
não, meus caros!
é melhor não ir por aí
não serve de nada
nem daria gozo a quem lesse isto
a lua
é o olho gigante de mim
a vigiar os meus actos
(dizia o virgílio ferreira qualquer coisa deste género
mas sempre assumi que haveria de pelagiar esta ideia!)
a lua é um olho gigante
que vigia os meus actos
de noite ou de dia
antes ou depois das refeições
a lua vigia quando quer
porque é provavelmente essa
a sua missão
a lua é o vigilante
é o guarda-nocturno
é o satélite americano
que sabe exactamente
vácuo
uma luz
o desejo francesmente sentido
do rebuscado je ne sais quoi
sob uma prata misteriosa
um sinal repugnante numa cara branca barroca
uma avaria brilhante num moderno plasma tv
eis a lua
confundes-me, redonda,
e não me iluminas caminho
perco-me nos detalhes das crateras
quando a vida é iminentemente
terrena
fosse eu peixe
cetácio
libélula
creatura lunar
filha da criação
mas não sou!
pouso neste ramo arborícola
permaneço iludida
orgulho-me
pelo simples facto
de estar no planeta azul
mas em que outro sítio
deveria eu surgir?
onde?
em que parte da pintura a negro
a que chamais céu?
não, meus caros!
é melhor não ir por aí
não serve de nada
nem daria gozo a quem lesse isto
a lua
é o olho gigante de mim
a vigiar os meus actos
(dizia o virgílio ferreira qualquer coisa deste género
mas sempre assumi que haveria de pelagiar esta ideia!)
a lua é um olho gigante
que vigia os meus actos
de noite ou de dia
antes ou depois das refeições
a lua vigia quando quer
porque é provavelmente essa
a sua missão
a lua é o vigilante
é o guarda-nocturno
é o satélite americano
que sabe exactamente
o que estou agora a fazer
a lua é indiscreta
a lua é indiscreta
é um falo violador
da intimidade do meu poema
XXX
XXX
XXX
ouve:
hoje, no regresso
voltei a passar em casa de deus
desta vez, lua
fui apenas eu que falei
XXX
mais ninguém
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