Wednesday, May 03, 2006

Parque da Cidade (Porto, 1997)

preso nesta manhã de razão
e como ruído de fundo
máquinas na rua
gente que passa
mar na lembrança

comprimidos à força
num enorme espaço fechado

estico o corpo até ao máximo da dilatação
empurro o olhar para o oblíquo
dirijo-o para o canto dos sonhos
– o ângulo de onde todos eles parecem iguais

conto-os um a um
olho-os a preto e branco
escuto no seu murmurar
um zumbido triste de interferência constante

não era suposto estar aqui
não era suposto esperar
sei que é manhã
mas não sei no entanto
em que tempo estou

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