Sunday, May 21, 2006


disseste-me em silêncio
em silêncio absoluto
que a pacífica água cristal
vai e volta segura
onda no rigor de si

que o verde espiralado do mar
nas longas manchas de azul
transporta dentro das conchas
a triste solidão dos náufragos

que a gigante cintura de algas
ondulantes como a um vento do sul
demarca um oceano sem forma
sem sentido pleno
o óleo
a tela
as manchas de luz

que a sólida paisagem que eu crio
presente
sempre presente
vem do lado polar deste tempo
norte constante percorrido por nós

que a cadência da vaga
em marcador ritmado
eleva o mais curto instante
à memória e ao eterno

que a tua mão erguida
no aceno ao ser divino
torna-te homem sereno
inconformado e poeta

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