Wednesday, April 05, 2006

vi o peixe-voador
no bailado do gigante
castores de olhos coléricos
na geometria das árvores
vi o silêncio desnudo
a dar banho ao velho senil
as amarras do nosso espelho
em protesto contra deus
vi a garça de pedra e verniz
quebrando as leis do juncal
rãs, formigas e ratos
na palestra sobre o amor
vi o mundo invertido
sem magma nem areão
vi o projecto da festa
e simplesmente odiei

tudo era turvo
como vinho branco agitado
absurdo como as flores que abrem de noite

os marinheiros sairam cedo
e eu católica não praticante
perdi-me no descanso
e no espaço amplo dos sonhos

vou ficar quieta

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