as árvores do meu sonho
as partículas que arrefecem
as noites do meu inverno
palavras que se aglutinam
junto à nascente do rio
mensagens, milhares de mensagens
de gente que espera
de gente que quer
vindas de um céu
que há muito morreu
não há no universo
cores suficientes
o espaço infinito não chega
as árvores do meu sonho
secaram no verão
a morte vai e vem
sorrindo feliz
ora há vento
ora tombo num chão de areia ondulada
não penso não falo não dou
aquele pequeno regato
o azul que nele vivia
foi desviado para longe
no dia em que sofri
como vidro que sempre fui
parti os meus próprios pedaços
assumi o comando de um mundo
que não era apenas meu
as árvores do meu sonho
gigantes carvões
na paisagem
em segredo não falam
não choram
não cravam as raízes à terra
tudo
como elas
como eu
se limita a esperar
é só mais um compasso de espera
de música de prazer auditivo
é só mais um compasso de espera
à espera dos gritos de medo
do pequeno homem que espera
em viagem
sempre em viagem lunar
em corrida ansiosa para atingir o que é fim
todo este desespero dispensável
num curto momento de luz
olha em redor e acena
às manchas sanguineas
do sol que é teu
pára pára
é tempo de regressar
ao nexo
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