Pelo teu pedido
escrevo
o calor que capturo da noite
de mãos dadas
em unissono
dois ecos caminhantes
inseparáveis
o calor que invade o corpo
do mundo viajante
o cheiro do silêncio madrugador.
Não há mais céu, lua ou vácuo, agora
não há mais palavras verdadeiras
por inventar
aliás, não há mais nada
que se possa fazer
para atenuar este compasso de espera
de novo o silêncio.
Envio-te daqui uma escrita
articulada no vento
um pedaço de livre pensamento
em forma de fatia de pão
envio-te o que resta deste instante
e mais o calor
que ainda posso dar.
A luz e a sombra
já não fazem sentido
nesta cidade universal
que não vê
permanecem apenas os sons musicais
como prova fundamental
da existência de um deus.
Aqui vai o poema
prometido
como a terra mais profunda e mítica
espreme-o como se fosse um limão
usa-o inteiro ou
em parte,
pois é teu.
Para JR
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